
Passeando ontem pela região de Pinheiros e Butantã me veio uma perplexidade quase insuperável… aliás, é uma ensação que se espalha quando se está caminhando por qualquer outra região equipada e consolidada da cidade.
O erro na relação edificio x calçada induzido pela legislação e comodamente aceito pelo mercado imobiliário é inadmissível.
Erro este que se tornou ainda maior ao se adiar a revisão do plano diretor quando já se via (veja bem, já se VIA) o estrago e ainda havia tempo de corrigir minimamente a rota e seus efeitos.
Sim, pois o próprio plano diretor, em seu maior acerto, reconhecendo os perigos inerentes ao processo de materialização de seus claros e acertados objetivos, trouxe a previsão de uma revisão na metade do caminho.
E assim seria, posto que poucos edifícios, àquela altura, já estavam prontos. Apenas a quantidade suficiente para se perceber o erro grosseiro.
Porém, muitos projetos já estavam em aprovação na prefeitura, portanto eram de conhecimento geral, e outros tantos ainda estavam na fase de composição dos terrenos.
Ou seja, daria tempo de repactuar a ação. Não faltaria dinheiro, não faltaria material humano, não faltaria tempo. Faltou vontade, faltou espírito público, faltou visão de médio e longo prazos.
Faltou PROJETO, como sempre.
Na cidade do planejamento, na capital mundial dos programas, é sempre assim, falta projeto e, aí, a ação dá no que deu, no que esta dando.
Rrssalte-se, como tenhodito, este não é um mecanismo novo. Ao contrário, é bem antigo. Estamos na sua quinta geracao.
A diferença, desta vez, já disse aqui, é só o tamanho e, sobretudo, a velocidade. A irreversibilidade, que assusta a muitos, tampouco é novidade, está sempre faz parte do processo em Arquitetura e Urbanismo. Demoliu, cortou, derrubou, se foi.
Mas, desta vez, e ontem deu para perceber bem, muito rapidamente a cidade, todos os seus agentes econômicos e sociais, públicos e privados, vai se arrepender de não ter repactuado a ação concreta quando estava previsto e era possível.
Os agentes públicos e politicos vao perceber, na rejeição e no voto, que esta sua incapacidade de descer ao chão, de intervir na escala humana, de incorporar qualidade material além de conceitual às suas propostas e de superar a fase programa e aprender a fazer PROJETO já se tornou inaceitável.
E o mercado, agora não apenas o imobiliário, que docemente constrangido se coloca candidamente como quem apenas obedece o que lhe é imposto pela legislacao, vai perceber rapidinho, pois vai doer, e muito, no próprio bolso, que não adianta nada, nada mesmo, fazer um lançamento triple AAA e Ecofriendly numa cidade triple SSS, Urbanugly e Human Repellent.
Valter Cadana via Facebook
Categorias:ARQUITETURA, SOCIEDADE E CULTURA