
Alguém avise a mãe
Que eu quero pão.
O pão caro, cada vez mais raro,
Ainda cheirando a fogão…
Eu quero pão.
O pão que alimenta e enfeita
Aquela mesa comprida
Na sala da Maria Alzira
Quero seus dedos claros
Com delicadeza e vontade
Espichando a massa lisa.
Quero o pão do céu.
O pão em forma humana
Que desceu sobre o madeiro
Pra que todos se saciassem,
E a sua fome, matassem,
Enfim, de vida.
Quero o pão dos sentidos,
Passado na chimia doce
Da compreensão de que nunca
Estaremos sozinhos.
Nossa força moral nos une
E o orgulho nos inflama
Do que fomos e nos tornamos
Com o tempo e o pensamento.
Eu tenho orgulho de ti.
O tempo passa, eu não te vejo,
E quando vejo,
Ainda és tu
E a dor da pressão dos ímpios,
Por mais que te inculta medo,
Não te deixa dominar por eles,
Pois bem sabes quem há em ti.
O pão te fará lembrar
O pão te fará lembrar
Que tudo passa,
Toda a dor passará
Que a vitória dos impiedosos
Será a sua pior derrota,
Pois quem nasceu pra derrota,
Ainda que ganhe, jamais vencerá
E que ainda que queiram
E que muito, muito tentem
De inúmeras formas,
Não te irão dominar.
Examina aonde pisas,
Pois seguiremos atrás
Aonde quer que a trilha
De pão nos levar.
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