ARQUITETURA

Quem fala demais, fala besteira! Santa ignorância!

Muita gente falando sobre os motivos da tragédia do último dia 15, em Petrópolis. Como minha santa avó costumava dizer, “quem fala demais, fala besteira”.

– O que aconteceu é resultado das mudanças climáticas e do aquecimento global, dizem uns.

– Não, nada a ver, Petrópolis sofre com enchentes desde sempre, antes que se começasse a falar em mudança climática e aquecimento global, dizem outros.

E assim por diante.

Como já foi dito em outro post meu, Petrópolis, como cidade que hoje cresceu e tem mais de 300 mil habitantes, jamais deveria ter sido construída no local onde está, mas sim pros lados de Itaipava, onde chove metade da pluviosidade do centro da cidade e onde há várzeas planas extensas, propiciando uma ocupação urbana um pouco mais longe das encostas.

Porém, há outros fenômenos envolvidos nas catástrofes petropolitanas, como sói acontecer sempre nos grandes desastres, e nem todas elas são decorrentes da presença antrópica no local. A saber:

1) Ocupação urbana elitista – a elite econômica, dona da narrativa oficial, escolhe os melhores lugares para morar e empurra os extratos sociais mais pobres para as periferias, em áreas propícias a diversos tipos de problemas. No caso de Petrópolis, as encostas dos morros que permeiam toda a cidade.

2) O povoamento irregular das encostas causa desmatamento e impermeabilização do solo, decorrente das construções, o que impede a percolação da água que desce do céu. Esta fica sobre o solo impermeável e se acumula, causando a enxurrada que carrega tudo à frente.

3) Solo fino sobre pedra – ao contrário da Floresta Amazônica, que vive do próprio humus, produzido pelas folhas que caem das árvores sobre um solo paupérrimo, processo que leva milhões de anos para formar floresta, a Mata Atlântica cresce rápido sobre um solo rico em nutrientes. Ocorre que muitas vezes a vegetação viceja sobre uma camada fina de solo, com leito de pedra a poucos metros de profundidade. Quando uma chuva forte ocorre, a água percola até o leito de pedra, DESCOLANDO-O da rocha e causando o deslizamento. Este fenômeno INDEPENDENTE DA PRESENÇA HUMANA NO LOCAL. Quem desce a serra de Petrópolis em direção ao Rio de Janeiro, pode visualizar à direita diversos desabamentos deste tipo na serra entre Petrópolis e Miguel Pereira, coberta de floresta INTACTA, sem nenhuma presença humana. Ou seja, neste caso, trata-se de um FENÔMENO NATURAL, sem influência humana.

4) Descolamento de rocha – em vários pontos de Petrópolis, a rocha das montanhas se descola, de tempos em tempos, na forma de LASCAS que desabam sem aviso e muitas vezes sem a presença de chuva. Não há terra, barro, envolvido no processo, nem, igualmente, presença humana ou urbana causando o fenômeno.

Resumindo, o local onde Petrópolis nasceu e cresceu não suporta a densidade demográfica atual.

(o infográfico abaixo foi publicado no Twiter por Luiza Caires – jornalista de ciencias – @luizacaires3)

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