
Para quem tem dificuldade, principalmente ideológica, de entender a importância da pesquisa e da produção de conhecimento, em especial nas universidades, mas não apenas, fica aqui um exemplo.
Estudos sobre a invisibilidade de uma parcela significativa (e cada vez maior) de nós mesmos (a sociedade) são muito frequentes há anos. Eu diria décadas. Nos últimos 15 anos aumentaram em número e em profundidade, abrangência e qualidade. Eu mesmo já orientei vários trabalhos, inclusive de conclusão de curso, sobre o tema.
Estes estudos auxiliam (ou deveriam auxiliar) a montagem de políticas públicas e programas como os de alimentação, assistência à saúde, regularização fundiária, mutirões de inclusão documental, etc…
Claro, auxiliam de forma muito menor do que poderiam, graças à ignorância e ao preconceito que regem a formulação e a implantação da maior parte das políticas públicas no Brasil e graças ao desprezo olímpico da iniciativa privada, que por isso perde bilhões anuais (vicissitudes do nosso pré capitalismo de acumulação primitiva ainda baseado no extrativismo primário).
No entanto, a tenacidade, a capacidade de superação e a (tchan!) resiliência dos agentes da produção de conhecimento e os resultados que entregam acabam auxiliando, em muito, a construção, pela sociedade, do seu modo de pensar e agir. A construção de sua evolução e seu desenvolvimento.
No âmbito do tema invisibilidade, por exemplo, que cheguei a evocar para comentar aqui a morte do fotógrafo famoso na madrugada parisiense como se ele fosse ‘apenas um SDF’, hoje destaco um marco importante e uma vitória significativa para os invisíveis e para os pesquisadores sobre o tema, parceiros e aliados de longa data.
O assunto foi o foco e o enfoque do artigo de um dos maiores jornalistas brasileiros, divulgado em canais de grande abrangência e penetração num determinado segmento social que exerce a capacidade de não ver e de não enxergar com maestria.
Um texto muito bom, que protagoniza a questão desde a chamada e que traz, até, indicações de estudos acadêmicos e científicos, dando-lhes alguma visibilidade.
Não fora uma citação gratuita, desnecessária e equivocadíssima à arquitetura moderna brasileira, o que mostra como apesar da vitória temos muito, muito a caminhar, só teríamos coisas boas a registrar.
Afinal, na terra da hegemonia do tiozão do pavê, da tia observadora e comentarista, dos cunhados e das noras – estereótipos preconceituosos de nosso comportamento social e cultural – dar visibilidade aos invisíveis é digno de registro, nota e júbilo.
É pavê e pacumê!
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