OPINIÃO + REFLEXÃO

Fiant eximia

Não se comenta muito, acho que se deve ao feriado ser em 9 de julho, mas 23 de maio é a data que se comemora o levante Constitucionalista Paulista de 1932 e seus soldados.

Não por outro motivo, a via expressa que leva o nome vai da PRAÇA DA BANDEIRA <<<<ao>>>>> MEMORIAL OBELISCO e a outra avenida que parte da Bandeira se chama… NOVE DE JULHO! 🙂

Interessa notar, como já andei escrevendo por aqui, que São Paulo respondeu à derrota nas armas de modo singular. Criou uma cooperativa leiteira, em resposta ao rompimento mineiro, incentivou e financiou o parque industrial, investiu em urbanização estado afora, montou um sistema público de inteligência, pesquisa e assistência técnica e, dando retaguarda e consistência a toda esta movimentação, ampliou o seu sistema educacional e criou uma UNIVERSIDADE de ponta para a produção e irradiação de conhecimento.

Não bastasse, depois criou mais duas, fazendo três estruturas universitárias complementares entre si abrangendo e desenhando todo o território do estado com rara inteligência e visão estratégica.

Vale destacar que foi tudo isso, somado à já conhecida explicação do excedente cafeeiro, às estações de trem, à organização da (e do) capital de serviços e etc., aspectos que são só a ponta do iceberg, que construiu a hegemonia paulista e a São Paulo e SP que herdamos e de que desfrutamos, mesmo com todas as suas contradições, hoje indevida e dolorosamente exacerbadas.

Tudo isso para dizer que neste 23/05 precisamos prestar atenção.

A Praça da Bandeira, o símbolo maior, não passa de uma rodoviária de quinta categoria destruindo um espaço público essencial para a cidade em todos os sentidos…

O Obelisco continua inacessível, apartado e afogado pelo sistema viário, enquanto a Nove de Julho é violentada por calçadas inapropriadas, destruição da arborização, etc, etc, etc…

Mas, o mais grave e menos simbólico. SP vem destruindo sistematicamente e, agora, aceleradamente, o sistema público de inteligência que construiu, deu e ainda tenta bravamente dar sustentação a esta hegemonia.

Vem fechando institutos, companhias, empresas e centros de pesquisa. Desmantelando sua memória, dissolvendo suas conquistas, transferindo suas expertises, liquidando acervos.

Vem avançando sobre as universidade e seus sistemas de financiamento. Vem negligenciando as políticas públicas de pesquisa, desenvolvimento e investimentos. Se desresponsabilizando da formulação das estratégias de desenvolvimento em todos os sentidos.

E, o que me parece ainda mais grave, vem comprometendo a forte parceria pública com o capital privado, tão característica paulista e tão intensa no século XX. Compromete esta parceria gravemente ao abandonar a lógica do interesse público em sua ação na montagem das estratégias de desenvolvimento, em favor de um posicionamento que coloca o estado como um dublê mal ajambrado de empresa e, como tal, por não sê-lo, em uma empresa de grande ineficiência.

Ao assumir critérios e metas oriundas de um pensamento privado para mensurar e mesmo definir sua ação, abre mão de suas responsabilidades maiores e inviabiliza a própria eficiência da parceria, que se torna desequilibrada.

O futuro, neste quadro, é preocupante. Vamos perder rapidamente (já perdemos?) a nossa fonte de energia. Mas, isso passa. Novos arranjos virão, novas gerações virão.

São Paulo é pulsante e pujante.

Pro Brasilia Fiant Eximia.

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